arroz da Tailândia

Arroz Importado da Tailândia Chegará ao Brasil em Julho Após Enchentes no Rio Grande do Sul

Arroz importado da Tailândia chega ao Brasil na primeira quinzena de julho, dizem indústrias Decisão de comprar o cereal foi tomada por causa da tragédia no RS, o maior produtor. Medida é independente do leilão que o governo federal promoveria para aquisição do grão e que acabou suspenso após o Mercosul subir preços, segundo ministro.

Arroz Importado da Tailândia Chegará ao Brasil em Julho Após Enchentes no Rio Grande do Sul
Publicado em 22/05/2024 às 17:01

Em resposta às enchentes devastadoras no Rio Grande do Sul, o maior produtor de arroz do Brasil, a indústria nacional decidiu importar 75 mil toneladas de arroz da Tailândia. A carga está a caminho e deve chegar ao país na primeira quinzena de julho, conforme anunciado por Andressa Silva, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz).

O Rio Grande do Sul, responsável por 70% da produção nacional de arroz, sofreu grandes perdas devido às enchentes que não apenas destruíram colheitas, mas também comprometeram a logística de transporte dos grãos armazenados. Para mitigar o impacto no abastecimento e evitar especulação de preços, a Abiarroz decidiu pela importação independente da Tailândia.

“O arroz adquirido é do tipo Beneficiado Polido Longo Fino Tipo 01, igual ao produzido no Brasil”, explicou Andressa.

Paralelamente, o governo federal também planejava comprar arroz de outros países para controlar os preços ao consumidor. No entanto, um leilão organizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foi suspenso após os países do Mercosul aumentarem os preços em até 30%, conforme revelou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

Em resposta, o governo zerou o imposto de importação de arroz para países fora do Mercosul até o final de 2024, uma medida que não beneficiou a compra da Abiarroz, feita na segunda semana de maio.

Apesar de os principais fornecedores de arroz do Brasil serem os países do Mercosul (Paraguai, Uruguai e Argentina), os preços ofertados por esses países foram considerados altos. Na negociação com a Tailândia, o custo ficou em torno de R$ 115 por saca, enquanto os fornecedores do Mercosul ofereciam a R$ 125.

“A indústria segue recebendo ofertas da Tailândia, mas ainda não confirmou novas compras. Não descartamos essa possibilidade”, afirmou Andressa.

Segundo dados levantados por associações de supermercados, oito das principais marcas de arroz no Brasil já implementaram reajustes de preços entre 5% e 14%, apesar de não terem estoques diretamente afetados pelas enchentes. Além disso, algumas empresas suspenderam negociações devido à instabilidade.

O preço da saca de arroz no campo também subiu, fechando a R$ 121 na última terça-feira, uma alta de 15% desde o início de maio, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP.

Andressa Silva projeta uma diminuição nos preços com a retirada do imposto de importação. “Com a retirada da TEC [Tarifa Externa Comum], os preços deverão convergir para a paridade de importação, servindo como teto para os preços no mercado interno”, avaliou.

A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Fedearroz) solicitou ao governo que cancelasse o leilão da Conab, manifestando oposição às importações. O ministro Carlos Fávaro enfatizou que a medida visa garantir a estabilidade dos preços no país, enfrentando problemas logísticos causados pelas enchentes.

“Nós estamos com um problema de logística. [O arroz] não consegue sair de lá, não consegue emitir nota [fiscal]”, explicou Fávaro, destacando que o arroz colhido garante o abastecimento, mas a distribuição está comprometida.

A chegada do arroz importado da Tailândia no início de julho é uma medida crucial para estabilizar o mercado brasileiro após a tragédia no Rio Grande do Sul. A indústria e o governo federal buscam, assim, evitar a escassez e a especulação de preços, ao mesmo tempo em que lidam com desafios logísticos e reações dos produtores nacionais.