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Ata do Copom revela divisão na diretoria do Banco Central sobre corte da Selic

Ata do Copom: entenda o motivo do racha na diretoria do Banco Central Corte de 0,25 ponto da Selic dividiu diretoria do BC. A metade dos membros do órgão, nesse caso, indicados pelo atual governo, queria 0,50

Ata do Copom revela divisão na diretoria do Banco Central sobre corte da Selic
Publicado em 14/05/2024 às 14:04

A divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada entre 7 e 8 de maio, trouxe à tona o racha na diretoria do Banco Central (BC) em relação ao corte da taxa básica de juros, a Selic. Dos oito diretores do BC, quatro votaram a favor de uma redução de 0,50 ponto percentual da Selic, enquanto outros quatro optaram por um corte de apenas 0,25 ponto percentual. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, resolveu o impasse ao se aliar ao grupo que defendia o corte menor, levando a Selic para 10,25% ao ano.

Embora a questão política tenha tido grande peso na discussão, como observaram diversos analistas, a ata traz detalhes do debate técnico entre os dois grupos sobre o tema. Segundo o documento, ambos os grupos concordaram que houve um aumento das incertezas no cenário econômico, tanto interno como externo.

Os diretores que optaram por uma redução de 0,25 ponto percentual argumentaram que era fundamental diminuir o valor da Selic, mesmo que o Copom tenha indicado, na reunião de março, um corte de 0,50 ponto. Eles ressaltaram que mais importante do que seguir uma orientação prévia era garantir o compromisso com o combate à inflação e a ancoragem das expectativas.

Por outro lado, os diretores indicados pelo atual governo defenderam que abandonar a orientação de corte de 0,50 ponto poderia ter consequências negativas para os futuros comunicados do órgão. O debate concentrou-se em até que ponto a piora no cenário econômico justificava a mudança na orientação dada na reunião de março.

Além da preocupação com o cenário econômico global, a ata destacou também a situação interna do país, com ênfase no mercado de trabalho aquecido, que pode exercer pressão inflacionária. A questão fiscal também foi abordada com maior ênfase, demonstrando preocupação com os recentes desenvolvimentos da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária.

Votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual os seguintes membros do Copom: Roberto Campos Neto (presidente), Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes. Já os membros Ailton de Aquino Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual na Selic.